Aos Olhos da Gente
O rumo que dei aos olhos se ergueu no lombo do cerro
E a moldura do meu pago se ajeitou no horizonte
Com paixões de tres ontonte voltei beber na querência.
Porque a sede das ausências não se mata em outras fontes
O canto da siriema contraponteava o silêncio,
E as patas do meu confiança pisavam plumas no chão
Do freio a velha canção duetava com as esporas,
Estrelas frias de auroras que o céu montou num clarão
Ao sul as garças voltavam pra querencia do açude,
De sobrelombo nas nuvens que pastavam na campina,
Qual uma tropa teatina que se soltou do infinito
E esse rodeio bonito povou de alma e retina
Uma casinha modesta me cuidava lá de baixo,
Esperançando um aceno pra silhueta na janela
Talvez alguma donzela com paixões a florescer
Buscando ao entardecer um sonho além da cancela
O sol que aquece os andantes gastava as ultimas brasas,
Mesclando sombra e clarão nas dobras das invernadas,
Nesta hora abençoada que traz grilos pras taperas
E a lua china gaudéria pra cirandar nas aguadas
Quanta coisa nos revela uma paisagem de estrada
Se o coração sabe ver e a alma sabe escutar,
Qualquer lugar é lugar para as mãos da natureza
Derramarem sua beleza e nos prender pelo olhar