Guadiana
Corre nobre Guadiana
espelho de moura formosa
vai ficando uma ribeira
pela terra sequiosa
Nunca pensei assistir
à tua dor na charneca
és como um Deus a cair
Ante a barbárie da seca
Corre corre Guadiana
pela terra alentejana
pudesse eu dar-te esta canção
a vertigem dos caudais
dar-te o farto aluvião
das águas primordiais
E ver-te com dignidade
a correr entre os campos
como o rio que tem um caminho
desde o começo dos tempos
Ouve as pedras do teu leito
a pedir que não as deixes
ouve os barcos parados
ouve os homens ouve os peixes
Corre corre Guadiana
por essa terra raiana
que eu faço um apelo aos lagos
convoco nos céus as fontes
teço três meadas de água
dos fios perdidos nos montes