Civilizado
(1980)
Achei a moeda, morri de fome
Pintei o arco-íris, dormi no escuro
Abri a porta do dia, saí pelos fundos;
Fiz mais uma poesia, me perdi no mundo
Eu ando dividido, desacostumando
Desse meio de vida de viver de lado
Desse chove-não-molha, desse deus-me-acuda
Desse muito obrigado, dessa calma confusa
Se deus existir, não é pecado
Eu sou mais a natureza que o civilizado
Bote um pão na minha mesa, estou satisfeito
Cada um tem o seu jeito de bater no peito.
Eu acho que é tempo de mudar a sorte
Caminhar pelo caminho que engana a morte,
Pois quem não morreu de fome não morre de briga
O olho quando é grande não enche a barriga.