Post Mortem
Último suspiro saindo do corpo infinito
Algo aqui fala comigo, não controlo mais meus sentidos
Me lembro de luzes, gritos e sirenes
Perdido à vera, sequer compreende
Parece um sono, só que acordado
Tudo escuro e um vento gelado
Lembro do barulho da 45
Lembro que também não usava cinto
Carro derrapa, asfalto molhado
Não sei se tinha alguém comigo
Antes entrava naquela casa
Silencioso na espreita escura
Furando corpos tipo Acupuntura
Sangue mancha a blusa, isso é loucura
Vou para rua, ouço barulho de viatura
Se eles me pegam vão me matar
De mim nada ninguém vai tirar
Pronto pra morte, vem me pegar
Droga no bolso, eu vou usar
Me destruindo, uma hora passa
Lágrimas secas e a boca amarga
Sem respeito por qualquer limite
Sanguinário, então sem palpite
Me recolho na manhã seguinte
Então não olhe pra mim, evite
Decaindo num abismo profundo e frio
Senti que tudo tava só por um fio
Virou nó no pescoço e tudo sumiu
Aqui não escuto sequer um pio
Último suspiro saindo do corpo infinito
Algo aqui fala comigo, não controlo mais meus sentidos
Me lembro de luzes, gritos e sirenes
Perdido à vera, sequer compreende
Parece um sono, só que acordado
Tudo escuro e um vento gelado