Daniel na Cova dos Leões

Silvestre Kuhlmann

O rei dos medos e persas, Dario
Sobre seu reino constituiu
Cento e vinte príncipes
E sobre estes
Três presidentes
Daniel era um deles
Mas era o mais excelente

Dario queria colocá-lo
Acima dos demais
Isso gerou um abalo
No coração dos outros tais
Ficaram com inveja!
Sentimento ruim, que caleja
Queriam achar nele culpa
Como nada achavam
Procuravam alguma desculpa
Para ver se seu nome manchavam

E então tiveram uma ideia
Armaram uma teia
Ele respeitava mais
A Deus que a Dario
E pensaram num plano vil

Criaram uma lei
E pediram confirmação
A lei assinada
Não poderia ser cancelada
(Assim era o costume
Daquela grande nação)

Durante trinta dias
Ninguém poderia pedir coisa alguma
A outra pessoa que não o rei Dario
Veja só, que dilema!
Se fizesse, iria parar num covil
A cova dos leões esfomeados
Famintos, irados!

O rei assinou a lei, e a proibição
E de Daniel, qual foi a reação?
Entrou no seu quarto, e fez oração

Como era seu costume, sua janela abria
Na direção de Jerusalém
E três vezes ao dia
De joelhos, pedia e agradecia também

Então aqueles homens
Com desprezos e desdéns
Foram ao rei e o lembraram
Da lei que assinou
E assim, quem sabe, assassinou
Daniel, pois tudo lhe contaram

O rei ficou triste, pois o amava
E trabalhou pra ver se o livrava
Mas lembraram-no
Que a lei não se cancelava

Então mandou trazer Daniel
E disse: Tu serves ao Deus do céu
Continuamente
Ele te livrará, certamente

E o jogou no covil
Com uma pedra o fecharam
E selaram com anel
Afirmando que concordaram
E não mudariam a decisão
Era irreversível
Mesmo o rei achando horrível

Então o rei foi pro palácio
Passou a noite em jejum
Dormir não era fácil
Não quis ouvir instrumento algum

Pela manhã, ao nascer do dia
Foi correndo à cova
Cheio de melancolia
E gritou: Daniel
Servo do Deus do céu
Será que este Deus vivo
A quem seu coração está cativo
A quem fazes tantas orações
Não te põe livre da boca dos leões?

Então ouviu Daniel dizer
O rei vive para sempre!
Meu Deus o bem cumpre
Os leões não puderam dano fazer
Pois Ele enviou um anjo na toca
E das feras fechou a boca
Porque viu que sou inocente
Então comigo foi clemente!

O rei muito se alegrou
Mandou tirar Daniel da cova
Nenhum dano neste se achou
Porque sua fé em Deus se aprova

E o rei mandou chamar os acusadores
Que foram jogados no fosso
E logo os leões lhes causaram dores
Não sobrou nem um só osso

Então o rei Dario
Reconheceu, de Deus, o senhorio
E lançou decreto novo
Que em todo o seu reino, o povo
Trema e tema ao Deus de Daniel
Que salva, livra, e é fiel
O seu reinado é eterno
Maravilhoso e terno

Então Daniel prosperou
Enquanto Dario reinou
No reinado de Ciro, o persa
O seu bem continuou

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