Anti-Herói Barriga Verde
Sentado na varando de um apartamento
De um hotel qualquer - sete reais por dia
Ou na sala de estar da sua casa gigantesca
Com móveis pitorescos. Estranhos ao simples olhar.
O anti-heroi barriga verde, esteve aqui pela manhã
As cores foscas e desbotadas - quis não falar.
Andando pelas ruas cinzas da cidade triste
Inflamando poesia no olhar das pessoas que não existem
Ou nas largas avenidas de São Paulo afora,
nos restaurantes caga-sangue
Nos sebos de velhas estórias
O anti-heroi barriga verde, esteve aqui pela manhã
As cordas velhas e enferrujadas no violão
Duas horas da manhã, seis horas da tarde,
nunca é tarde - pra voltar
Vai que a vida não é novela, o telefone demora pra atender
E as lembranças não têm tanto eco.
O anti-heroi barriga verde, vendeu sua televisão
comprou o novo disco do Iggy Pop
E as cordas pro violão.