Pobre Moça
Pobre moça
Vou fazer você chorar ao me ouvir
Sua dor
Nesse tango com você irei sentir
Pobre moça
Quem sou eu para fazer você sorrir
Suas chagas são antigas no seu peito
Ninguém pode lhe privar deste direito
De chorar pelo amor que viu partir
Abraçada na lembrança do ingrato
Com os anos vieram a rugas do seu rosto
É casada simplesmente com o retrato
Do malvado que lhe deu tanto desgosto
Pobre moça, diz que hoje é chá de pêra
E as sobrinhas ela cuida até casar
Ela finge que é feliz sendo solteira
Mas se esconde pra ninguém lhe ver chorar
Pobre moça
Não desama nunca mais quem sempre amou
E ela sabe
Que o ingrato há muito tempo já casou
Pobre moça
Outro moço pra casar não procurou
Não supera a tristeza e a saudade
E com isso foi embora a mocidade
E as quarenta primaveras já chegou
Pobre moça
Já não tem mais a meiguice
Só se encanta um retrato desbotado
Faz ainda o papel da meninice
Não esquece seu antigo namorado
Pobre moça
Merecia melhor sorte
Sua dor já está doendo em mim
De lembrança viverá até a morte
Seu romance não tem a palavra fim