Calendário

Antonio José

Cada dia que se acaba
Vou riscando com uma cruz
Passam anos vai-se a vida
Que já nada traduz
Hoje outra folha
Tirei ao meu calendário
Passou mais um mês
Não adianta contar
São mais trinta dias
Sem ti outra vez
Longa espera, meu cabelo
Acabou já por embranquecer
Falta muito ou falta pouco
P´ra te voltar a ver
São doze folhas cruéis
Que o meu desespero
Há-de sempre atirar
Para o cesto dos papéis
E no fim de tudo nada vai mudar
Passam invernos e primaveras
E o calendário é igual
Por meu mal sempre igual
Por essa razão já pensei que talvez
Seja melhor arrancar
As folhas que falta
Todas de uma vez

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