Campo e Galpão
Nem bem a barra do dia
Levanta-se avermelhada
No lombo da montaria
O peão já está na invernada
À frente cabeça erguida
O seu cachorro ovelheiro
Que além de ajudar na lida
É um amigo do campeiro.
Bem pouco importa ao peão
Se é inverno ou primavera
Vai dormir com a sensação
Que a madrugada lhe espera.
Cavalo, peão e cachorro
Do patrão a serventia
Recorrem várzeas e morros
Pra juntar a gadaria
Se houver bicheira de fato
Vai ter que curar primeiro
E os bichos com carrapato
O reponte é pro banheiro.
Bem pouco importa ao peão...
À noite enquanto descansa
No interior do galpão
Vai misturando lembranças
Com a fumaça do tição
Vem de um passado obscuro
Tristezas que ainda sente
Mas pra juntar o futuro
Se enforquilha no presente.
Bem pouco importa ao peão...