Ou Não
Se uma caneta cair neste instante aos seus pés
E algum satélite a esmo essa imagem captar
Tenha absoluta certeza de que amanhã ela vai figurar
Nas páginas das redes sociais
Em mil reprises nos telejornais
Impressa em um flyer que você recebe num bar
Ou na pilha de e-mails a encaminhar
Mas depois, amanhã, nunca mais.
Olhe bem
Veja o degelo das calotas do desdém
Que abriu pandora e agora
Pode ser por mal ou ser por bem
Planos pra depois do vendaval
Yes we can!
Suave na nave sem vacilo e sem vintém
E não tem trave embora
Agora o trem da história já partiu
Ache a sua própria condução
Pois agulha nunca vai faltar
Para injetar mais caos no caos
Ou não
Olhe só
O nanodesespero de voltar ao pó
E a macroeconomia cheia de indecências cambiais
Para engrandecer os campeões
Onde estou?
Arroba Deus que me dê forças ponto com
E até os fodidos da cabeça sabem recitar de cor
Que de muito antes vem o nó.
Mas enquanto o ocidente cai
Ficam para nós questões vitais tais
Será que vai chover agora?
Deitar e dar um rolê lá fora?
Trepar ou ver tv de peignoir?
Pra já ou no cartão sem juros?
Com mel, gelo e limão ou puro?
Comprar um novo apê ou um all star?