Ora Deverão

Jorge Cosmo

Cabáro de decretá,
Quem sô eu pra contestá?
Que os dia uma hora antes
Agora há de cumeçá
Eu não quero ser do contra,
Os hômi sabe o que faz,
Mas, dotô, eu não dô conta,
Esse trem é ruim demais.

I
Pra argum trem deve tê sirvintia
Esse tar horário de verão,
Nóis não briga, recrama, nem chia,
Mas o corpo não bedece não

Eu num tô cum pingo de sono,
O relógio me manda dormí;
Diz que é hora de sentá no trono
Só que o trem não qué saí

Cabáro de decretá,
Quem sô eu pra contestá?
Que os dia uma hora antes
Agora há de cumeçá
Eu não quero sê do contra,
Os hômi sabe o que faz,
Mas, dotô, eu não dô conta,
Esse trem é ruim demais.

II
No trabáio só chego atrasado,
Já perdi minhas credenciais.
É que o galo não foi avisado,
Quando canta já é tarde demais.

Fui tentá carinhá minha muié
Ela disse: - Nem vem! Vê se pára!
No escuro vai bem cafuné,
Não com sol me bateno na cara!

Ai, patrão
Trem lascado, horário de verão
Um dia arguém mais moderno
Acaba inventano o horário de inverno.

Cabáro de decretá,
Quem sô eu pra contestá?
Que os dia uma hora antes
Agora há de cumeçá
Eu não quero sê do contra,
Os hômi sabe o que faz,
Mas, dotô, eu não dô conta,
Esse trem é ruim demais.

De manhã tá tudo escuro eu gasto o lampião de gás
Mas, de noite, economizo energias... sexuais

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