A Fábrica do Poema

Waly Salomão, Adriana Calcanhotto

Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras
Acordo!
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo
Acordo!
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se
Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvera sido
Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas
E os ouvidos moucos
Assim é que saio dos sucessivos sonos:
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
Sumidos no sorvedouro
Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
No topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação de se afundar no sono
Nem dormir deveras
Pois a questão-chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?

Wissenswertes über das Lied A Fábrica do Poema von Adriana Calcanhotto

Wann wurde das Lied “A Fábrica do Poema” von Adriana Calcanhotto veröffentlicht?
Das Lied A Fábrica do Poema wurde im Jahr 1994, auf dem Album “A Fábrica do Poema” veröffentlicht.
Wer hat das Lied “A Fábrica do Poema” von Adriana Calcanhotto komponiert?
Das Lied “A Fábrica do Poema” von Adriana Calcanhotto wurde von Waly Salomão, Adriana Calcanhotto komponiert.

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