Romance
Por noite dera truz-truz
Bateram à minha porta:
- Donde vens, ó minha alma?
- Venho morta, quase morta!
Já eu mal a conhecia de tão mudada que vinha
Trazia todas quebradas suas asas andorinhas
Mandei lhe fazer a ceia do
Melhor manjar que havia
- Donde vens, ó minha amada
Que já mal te conhecia?
Mas a minha alma, calada
Olhava e não respondia
E nos seus formosos olhos
Quantas tristezas havia
Mandei lhe fazer a cama
Da melhor roupa que tinha:
Por cima, damasco roxo por baixo
Cambraia fina
- Dorme, dorme
Ó minha alma dorme para te embalar
A boca me está cantando
Com vontade de chorar