Querência, Somos Iguais!
Meu rumo é o mesmo que o teu
Querência, somos iguais
Sou terra, sou descendência
Do gem que herdei dos meus pais
Tenho, nas minhas verdades
Muito de campo e de verde
Se, às vezes, vou rio afora
Às vezes, morro de sede
Igal a ti, me transponho
Mas reconheço o espaço
Que a vida riscou num mapa
Pra dar limite ao que faço
Não sou terra desmedida
Tampouco, fundo de campo
Sou várzea e caraguatá
Talvez, igual a outros tantos
Aprendi muito c'o a terra
Que nunca conta mentiras
Que há de se pôr verdades
No lugar de onde se tira
Pois, quem passa a vida inteira
Com vontade de ter asas
Um dia, pode ser tarde
Pra querer voltar pra casa
Por isso que tenho em mim
Miles de rumos pra ir
E já não canso o cavalo
Com a intenção de partir
Apenas cuido meu mundo
Pequeno, mas todo meu
Que vai, da minha saudade
Ao rumo que Deus me deu
Quantos sonhos se extraviaram
Até que, um dia, entendi
Que a querência era o rumo
Que um dia quase perdi
Luzeiro de brilho raro
Que alumbra tudo o que vi
Quanto mais eu sou querência
Mais eu retorno pra ti
Querência, somos iguais
Temos instinto de terra
Tudo que, em mim, se inicia
É em ti que se encerra
Somos feitos de silêncios
Quase da mesma matéria
Teu campo, meu corpo inteiro
Tuas sangas, minhas artérias
Querência, somos iguais