Balada de Madame Frigidaire
Ando pós-modernamente apaixonado pela nova geladeira
Primeira escrava branca que comprei, veio e fez a revolução
Esse eterno feminino do conforto industrial
Injetou-se em minha veia, dei bandeira
E ao por fé nessa deusa gorda da tecnologia gelei de pura emoção
Ora! Desde muito adolescente me arrepio ante empregada debutante
Uma elétrica doméstica então
Que sex-appeal! Dá-me o frio na barriga
Essa deusa da fertilidade, ready made a la Duchamp, já passou de minha amante
Virou super star, a mulher ideal, mais que mãe, mais que a outra
Puta amiga
Mister Andy, o papa pop, e outro amigo meu xarope, se cansaram de dizer
Pra que Deus, dinheiro e sexo, ideal, pátria, família pra quem já tem frigidaire?
É Freud, rapaziada! Vir a cair na cantada de um objeto mulher
Eu me consumo, madame! E a classe média que mame se o céu, a prazo, se der
Que brancorno abre e fecha sensual dessa Nossa Senhora ascéptica
Com ela eu saio e traio a televisão, rainha minha e de vocês
Dona frigidaire me come, but no kids double income
Filho compromete a estética
Como Edipo-Rei momo, como e tomo tudo dela
Deleites da frigidez
Inventores de Madame Frigidaire, peço bis, muito obrigado
Afinal, na geladeira, bem ou mal, pôs-se o futuro do país
E um futuro de terceira, posto assim na geladeira, nunca vai ficar passado
Oh, queira Deus que no fim da orgia, já de cabecinha fria, eu leve um doce gelado
Mister Andy, o papa pop, e outro amigo meu xarope, se cansaram de dizer
Pra que Deus, dinheiro e sexo, ideal, pátria, família pra quem já tem frigidaire?
É Freud, rapaziada! Vir a cair na cantada de um objeto mulher
Oh, mas que trocadilho infame
La vraie ballade des dames du temps Jadis au contraire