Soteropolitana
Mãe do Rio, irmã da Louisiana,
Fortaleza lusitana, erguida aqui a mando do rei
No seu brilho, primeiro ela chama
Depois vibra, empena, engana, brindando os seus filhos da vez...
“Hoje eu não vou chorar!”
Onde uma frota inteira fez cabana
Velha ordem de bacana estampa sorriso no jornal
Vida nova, iberoafricana
Menos sacra, mais sacana, rica, fusa e Carnaval
“This city burns on fire!”
Ela é a “Disney tropical dos bardos”,
“Sítio Louco Além do Carmo”, “Vila Velha do Costa Azul”
Ela é loira, galega, é infame
Musa que, por mais que eu ame, tenta me cegar com tua luz
Onde bate o coração dos santos,
Pretos, vindos de outros cantos: “Carne fresca pro Seu Freguês!”
Ela finge andar como se manda,
Mas basta tocar a banda: joia! Ela se entrega de vez!
Outros olhos se inflamam e se espantam loucos
“This city burns on fire!”
Outros gritos que estouram e ecoam roucos
“Hoje, eu não vou chorar…”
Dois Leões, te encontro na Calçada!
Rio Vermelho é madrugada, na saída somos ciganos
São tantas colinas, tantos anos,
Tantas casas, tantos planos, tantos donos, tantos danos
Já foi gorda na segunda-feira,
Como um dia, na Ribeira, onde a vaca magra foi pastar
Em seus muros, mil nomes estranhos,
Pedem só mais quatro anos, vida boa de se abastar
Outros olhos se inflamam e se espantam loucos
“This city burns on fire!”
Outros gritos que estouram ecoam roucos
“Hoje, eu não vou chorar”
Eu queria que a visse só, de um jeito mais confesso
E sem truques de altar
Noiva de um raio de sol, te olhando aí disperso, bem onde você está
Com as coisas dela
Que são coisas bem mais velhas que os segredos de um Xá
Estamos nela, aonde ela não vai...