Verso Xucro

Eron Vaz Mattos

Um verso arisco, bagual me pateou no tirador
Mas eu que sou domador lhe tirei o corpo fora
Quase me enredo na espora, mas de novo me aprumei
Cortei os cascos e tosei pra soltar garganta a fora

Nas canhadas dos acordes os meus versos são tropilhas
Grameando trevo e flexilhas, molhados de serenal
Que saem do pajonal, mosqueando sonhos e ânsias
Pra retornar nas distâncias, pisoteando o macegal

Ou rebanho que encordoa saindo do parador
Como o sol no partidor mostrando o todos para o dia
E a primeira melodia do canto de uma cigarra
Que tem alma de guitarra, som de grota e poesia

Beber rumos e horizontes é o destino dos sensíveis
Galopear sonhos incríveis, tropear a própria emoção
Recorrer à imensidão, molhar sonhos desgarrados
Que nunca foram potreados no chircal do coração

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