Pranto da Meia-Noite
São vinte e três horas e trinta minutos
Em cinco de agosto de um ano qualquer
Na noite escura, tão fria e chuvosa
Estou despedindo de Maria Rosa
A minha formosa e meiga mulher
Maria, não chore, é tarde, meu anjo
Porque já paguei os enganos seus
Enquanto, desculpas, você me implora
A gente falante que tanto adora
Festeja agora o nosso adeus
Não fique comigo, estou de partida
E deixe que o vento da chuva me açoite
Por estes caminhos irei derramando
O amargo pranto da meia-noite
Já faltam apenas uns cinco minutos
Vou pegar um trem pra Minas Gerais
Tchau, companheira dos meus desenganos
Perdemos na luta um mundo de planos
Que as rondas dos anos não trazem jamais
Maria querida, você me entende
Nas horas amargas, ninguém nos serviu
Eu deixo um troféu a quem vem e some
E ainda estraga no prato em que come
A gente sem nome que nos destruiu
Não fique comigo, estou de partida
E deixe que o vento da chuva me açoite
Por esses caminhos irei derramando
O amargo pranto da meia-noite