Quando a Canha Bebeu (Romance do Osmar Louco)
Guto Gonzalez
Domador destes bem quistos
Afamado pelo pago
Pero ganas lhe sobravam
De golpear um trago largo
Aquele que acusou
Não entendeu o motivo
Dos que se alegram na canha
E depois perdem o estrivo
Sobravam pingos de lei
Que o mulato domou
Mas o potro coração
Este, por sina aporreou
Então comprava alegria
Destas que saem baratas
E se encontram nos balcões
Por quase nada de plata
Assim sem se dar por conta
O vício amadureceu
De tanto beber a canha
Um dia a canha o bebeu
Foi fácil encontrar entrada
Por seus desgostos na vida
Mas depois que pegou gosto
Não encontrou a saída
Pobre mulato, borracho!
Perdido num garrafão
A coragem é pra poucos
Pra falar do coração
O apreço todo, que tinha
Escorreu pelo ladrão
Quando a canha lhe bebeu
Perdeu sua honra e razão!