Diplomata

Alfredo Del Penho, Joao Cavalcanti De Albuquerque Pimentel

Um, dois, três, quatro
Já cantei forró
No Parc de Buttes Chaumont
Ao som de um acordeom
Fabricado na Croácia

E juntei com audácia
Um belo frevo-canção
E um sincopado baião
Num rincão da Califórnia

E no meio da esbórnia
Nas quebrada' da Sibéria
Rezei uma letra séria
No altar da madrugada

E virei na embolada
De um coco palma-de-mão
Um pagode Catalão
Tocado por imigrantes

Antes que você se atreva a me dizer
Que é lei da rua, néctar da mamata
Diga por favor, se todo embaixador
Se apresenta de terno e gravata

Pega essa visão sem ódio e sem paixão
Com o seu coração meritocrata
Que nesse Brasil
Artista, arteiro e civil
O poetinha é o maior diplomata

Eu cantei um Brasil
Que o cinema não exibe
Na tal ilha do Caribe
Onde não se passa fome

Inventei um codinome
Pro tigre oriental
E fiz o meu carnaval
No ano novo budista

Pra não perder de vista
Os trapos do meu baú
Mandei um Maracatu
Numa praça da Holanda

E cheguei em Luanda
Decifrando meu caminho
A bença, meu São Martinho
Para eu seguir adiante

Antes que você se atreva a me dizer
Que é lei da rua, néctar da mamata
Diga por favor, se todo embaixador
Se apresenta de terno e gravata

Pega essa visão sem ódio e sem paixão
Com o teu coração meritocrata
Que nesse Brasil
Artista, arteiro e civil
O poetinha é o maior diplomata

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