Ressentimento Enraizado (Ex Nihilo Nihil Fit)
E o que seria o nada?
Seria como água se estivesse no nada?
Será que contaria se não fosse um nada?
E existe forma pra então se existir?
Diga você agora
Quem você adora
Quem você venera
Acaba sempre indo embora
Diga você, senhora
Quem você provoca
Lesando tamanha obra
Acaba deixando de ir embora
Diga você senhor
Você conhece a dor?
Já soube o que é amor?
Se sim, é chegada a hora
De finalmente ir embora
Me diga por seus olhos, eu implico
Ainda pairamos no abismo
Da menor das confrontações
Do menos enfadonho dos precipícios
Me diga por seus lábios, suplico
Ainda sofremos no solstício
Da maior das ilusões
Da mais aguda dor e malefício
De desmembrar qualquer juízo
Sobre realidade ou não
Me olhe nos olhos agora
Me prenda com eles pra sempre
Se morrer existe uma dor presente
Que elucidará parte da ilusão de ser
Ser e não ser, eis a questão
Sou e não sou, o que seria então?
Algum intermediário ou uma ilusão?
Que por estar dentro de outra pensa ser algo então...
Ao luar de torniquete
Poetizo o demônio e o verbete
Sem chance que me deixe
Recobrar a consciência
Morte nos encontramos novamente
Me diga que importância você teve
Se nem em separar pesadelo do consciente
Algum êxito você teve
Morte, você é uma puta
Atrativa e oferecida, sempre desnuda
Uma puta falsa como a vida
Que dela nada se precipita
Morte, você é uma puta
Sempre falsa e sempre cativa
Oferecendo-me uma ilusão de oferecer
O alívio do nada por um não nada
Pensando que só você é astuta
Morte, eu te abençoou
Sua existência pra mim é meu único tesouro
Dela é tudo que eu preciso ver
Para ter em algo pra crer
Nesse sonho de sonho, espiral de não sonho
Dou um grito e ressono
Esperando não ser um sonho
Então acordo em outro sonho
Mais uma ilusão de não ilusão
Acho que assim perco meu sono
Morte, eu te amo
Ao seu significado proclamo
Uma muleta pra se apoiar e viver
Ao contrário da vida que tanto escapa
Da felicidade que amo e não amo
É a única companheira até em seus braços me ter
É a única muleta pra se apoiar e viver.