Fado Para Dois
César De Oliveira / Rogério Bracinha
Deito-me à noite num xaile
Escondi-me nele, também
Andam as sombras num baile
Onde não dança ninguém
E no teu quarto fechado
Pecado sem pecador
Colhi um resto de fado
Que me parecia uma flor
Um fado p’ra dois
P’ra mim e p’ra ti, começa
No dia perdido que à noite regressa
Sabemos os dois que o fado depois não vai durar
Melhor é fingir, deixá-lo partir sem o cantar
Um fado p’ra dois
Poeira do meu caminho
Sem mim e sem ti fico pr’ali sozinho
Mordem a pele dos teus braços
Meus olhos negros, sombrios
As aves sabem dos espaços
Os barcos sabem dos rios
Onde os meus olhos não moram
Sei que há estrelas a luzir
Sóis que os teus olhos devoram
Numa emoção de existir