Vou Dar de Beber à Alegria
Passei ontem pela rua onde morava
A cantada e recantada Mariquinhas
E qual não é o meu espanto, olho e vejo por encanto
Outra vez lá nas janelas as tabuinhas
Corri e bati à porta, e até fiquei quase morta
Quando ela se abriu pelas alminhas
Pois quem veio a porta abrir e a sorrir
Era mesmo a Mariquinhas
Eu entrei e abracei a Mariquinhas
Que me contou que um senhor de falas finas
Lhe deu a casa que é sua, pôs o prego na rua
E correu com o tal senhor que era lingrinhas
Mandou caiar as paredes
Pôs cortinados de chita nas janelas tão bonitas, às bolinhas
E por fora, p'ra chatear as vizinhas
Janelas com tabuinhas
Já tiraram os caixilhos às voltinhas
E as janelas já estão todas catitinhas
E p'ra afastar os temores dos enguiços dos penhores
Defumou a casa toda com ervinhas
Pôs incenso das igrejas
E p'ra acabar c'oas invejas
Pôs um chifre atrás da porta às voltinhas
E na cama, uma colcha feita à mão, debruada com bolinhas
Lá está tudo, tudo, tudo, até o xaile
E a guitarra enfeitada com fitinhas
E sob a cama, reparo, um peniquinho de barro
Bem bonito e pintadinho com florinhas
E eu fiquei tão contente, que ficamos calmamente
A beber até de manhã, ai umas pinguinhas
Pois agora voltou tudo ao tempo antigo
Na casa da Mariquinhas
Pois agora voltou tudo ao tempo antigo
Na casa da Mariquinhas