Ligas I - O Brilho
Mais que declarações de amor, ouvi declarações de culpa
Confissões quanto à falta de escuta, perguntas brutas
A levar a detenções em que a estadia é curta
Sem que efeito surta, sofridos sermões que nada mudam
Puseram-me num altar: eu nunca me disse santa
Mais uma relação falhada como as outras tantas
Saltam do baralho e dizem-se "tam tans", antas
E eu mamo com o trabalho que era das mamãs, brandas
Voltei para mais "mas" - eu desdobro-me em manobras
Enleada nessas cordas, reverso da medalha, cobras
Fujo à Ordem e não aceito a sorte que me calha
Não levo nada ao peito, nem vou ao brilho feita gralha
Não faço o que cobro ou resisto ao braço de ferro
Curso onde sempre chumbo e estranho se não erro
O que a prata da casa gasta é só a ponta do novelo
Quando nem o lítio basta para livrar do pesadelo
Se magnético só me afasta sou d'alumínio, nefasta
E exijo festa e faixa em que o mercúrio não baixa
E eu ilumino os presentes, maria cheia de graxa
Por me achar ouro na caixa quando pandora dos trezentos
(Sou um vestíbulo do impossível)
Mais que declarações de amor, ouvi declarações de culpa
Confissões quanto à falta de escuta, perguntas brutas
A levar a detenções em que a estadia é curta
Sem que efeito surta, sofridos sermões que nada mudam