Sem Porto
PAULO CESAR FRANCISCO PINHEIRO, WILSON DAS NEVES
Nas águas da paixão
Nas ondas da ilusão
Eu levo a embarcação
Por esse mar revolto
Mergulho na amplidão
Enfrento turbilhão
No leme, o coração
Que navega solto
O amor é um mergulhão
Que vem sem direção
Mas vai na viração
Porque só vê mar morto
E em vaga solidão
Eu canto uma canção
De um barco
Que nasceu sem porto
Sem flor, sem cais, sem chão
Sem nem tripulação
Lá vai a embarcação sem rota
Só treva ou claridão
Se vê na imensidão
E às vezes uma gaivota
Já naveguei em vão
Óh! Deus, eu peço então
Termine essa cruel viagem
Que eu não seja mais não
Navio-assombração
E o amor deixe de ser miragem