Sem Endereço
E lá vai ela
Dizendo até nunca mais
Estou naquela
Vivendo a sombra dos ais
Pra vê-la feliz até me virei pelo avesso
Sabendo que do teu amor me fortaleço
É a paga que ela me dá por tanto apreço
Vai embora e não deixa sequer seu endereço
Na escola de samba do seu coração foi um tropeço
Cortou o meu samba alegando que não tinha fim nem começo
Rasgou a minha fantasia e ainda atirou no chão meu adereço
Motivo pra tanta discórdia eu desconheço
É a paga que ela me dá por tanto apreço
Vai embora e não deixa sequer o endereço
E lá vai ela
Dizendo até nunca mais
Estou naquela
Vivendo a sombra dos ais
Pra vê-la feliz eu até me virei pelo avesso
Sabendo que no seu amor me fortaleço
É a paga que ela me dá por tanto apreço
Vai embora e não deixa sequer o endereço
Fui ao fundo do poço na base do osso e obedeço
E ainda dizia inocente contente que é isso que eu mereço
Por ela na mão encarei sugestão por um triz quase faleço
No fim ainda quer me vender a baixo preço
É a paga que ela me dá por tanto apreço
Vai embora e não deixa sequer o endereço
Eu gastei toda a economia pra enfeitar a casa
A nega vadia ainda me arrasa
Formiga com asa que quer se perder
Pior fui eu, que gastei toda grana que eu tinha pra vê-la joinha
Deixando a vizinha com água na boca
Mas é que essa louca não quer me querer
Eu gastei toda minha energia porque todo dia acordava mais cedo
Pra lhe dar levedo e o mais puro leite pra fortificar
E eu gastei toda a poesia que eu fazia à toa
De Carlos Drummond e Fernando Pessoa
Mas ela resolve me abandonar