Prelúdio Em Rimas Cariocas
Coé, Sinistro!
O neguinho como eu cresceu sozinho e não consegue se livrar dos medos, do rancor e do ódio
Dançando com o diabo na Terra, esperando ver Deus no céu
Malandros, maloqueiros, boêmios e traficantes
Correndo da polícia e vivendo no limite
Esse é o Sinistro, ele 'tá tentando fazer a coisa certa
Mas não 'tá fácil
Mãe, eu vou sair, 'tá?
Tu vai aonde, meu filho?
Dar um rolé
Presta atenção, meu filho, você é livre pra fazer as suas escolhas
Mas prisioneiro das suas consequências
E esse é o crew dele, que eles chamam de Mulato
Snoop, Peixe e Rato, mas Mulato é mais que uma crew
É uma ideia de resistências às diversidades
A violência é o destino de tantos como ele
E a história começa assim
Eu tenho sangue suburbano, a camisa velha de 2Pac
Tenho a alma de favela e a estrada de Kerouac
Tenho coração rubro-negro, tenho a ginga do malandro
A prosa de Bukowski, tenho acertos e enganos
Tenho um pouco de Kante, Coltrane e atitude punk
Tenho as guitarras do Hendrix e como carioca eu tenho o funk
Tenho as dores de Frida, tenho a vanguarda do skate
Tenho a boemia da Lapa e a sagacidade do Catete
Tenho rimas e batidas, tenho gritos e sussurros
Tenho todo o vandalismo de quem escreve nos muros
Tenho a paz de Ghandi, a mão que empunha a Glock
Tenho o caos de Basquiat e os abstratos de Pollock
Tenho a determinação de Dr. King e a polêmica de Spike Lee
Eu tenho a luta de Malcolm X e a técnica de Kubrick
Eu tenho improviso do jazz, a simplicidade do samba
Eu tenho a força e coragem de um guerreiro que ama
Bump Aye
Como pode, menó?
Que isso (porra, na moral)
'Tá de marola, menó
Qual foi, Sinistro, tu não vai sair assim não, rapá!