O Divã
Relembro a casa com varanda
Muitas flores na janela
Minha mãe lá dentro dela
Me dizia num sorriso mas na lágrima um aviso
Pra que eu tivesse cuidado
Na partida pro futuro eu ainda era puro
Mas num beijo disse adeus
Minha casa era modesta mas eu estava seguro
Não tinha medo de nada
Não tinha medo de escuro não temia trovoada
Meus irmãos à minha volta
E meu pai sempre de volta
Trazia o suor no rosto
Nenhum dinheiro no bolso
Mas trazia esperança
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Por isso eu venho aqui
Relembro bem a festa, o apito
E na multidão um grito
O sangue no linho branco
A paz de quem carregava
Em seus braços quem chorava
E no céu ainda olhava e encontrava esperança
De um dia tão distante
Pelo menos por instantes
Encontrar a paz sonhada
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Por isso eu venho aqui
Eu venho aqui, me deito e falo
Pra você que só escuta
Não entende a minha luta
Afinal, de que me queixo
São problemas superados
Mas o meu passado vive
Em tudo que eu faço agora
Ele está no meu presente
Mas eu apenas desabafo
Confusões da minha mente
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam
Essas recordações me matam