Doce Vida
Diga que dessa vez foi tudo intriga
Conta a mentira mais antiga
A do cinema com uma amiga
Jura com as mãos fazendo figa
Mas fica aqui do meu lado
Eu juro, eu finjo que esqueço o passado
Nem te pergunto mais nada
Se você chega na calada
Com a pintura retocada
Ligeiramente perfumada
Depois das três da madrugada
E eu te esperando acordado
Fingindo fazer meu imposto atrasado
Mas quando eu penso em teus doces carinhos
Tua malícia, teus denguinhos
Não dou bola aos burburinhos
Deixo o vizinho falar
Num segundo seu mundo é só meu
Bem no fundo seu dono sou eu
Vem segunda-feira e a ladainha costumeira
É dia de cabeleireira, de massagista e costureira
Ela ainda espalha que é solteira
E eu dando um duro dobrado
Às vezes finjo que fico zangado
Mas ela logo despista
Vem me acusando de egoísta
Que cismo à toa com o dentista
Tenho ciúme do analista e um amigo comunista
E eu fico desconsolado
E finjo assim como quem deixa de lado
Sou seu companheiro nos seus descaminhos
Toda rosa tem espinhos
Não dou bola aos burburinhos
Deixo o vizinho falar
Num segundo seu mundo é só meu
Bem no fundo, seu dono sou eu