Amitrila
Luzes da cidade em profusão
A minha mente hoje vagueia
Para além de uma dimensão
Onde a lua não clareia
Me incendeia
Eu detesto escuridão
Gente pra todo lado indo e vindo sem saber onde vão
Estrelas num céu estrelado tremeluzindo sem saber quem são
(Sem saber onde vão, sem saber quem são)
E nessa cidade onde o homem vira lata
Vira bicho na calada
Vira a perna na noitada
Vira hóspede na calçada
Vira tudo o que lhe toca
Vira-vira e troca-troca
Só não vira o que lhe atrai
A gente vai levando
sem saber aonde vai
E uma hora a ficha cai
Não tem moleza, saída
Já perdi tanta partida
que hoje nem choro mais
Confiança é o carai
Quem não ouviu venha ver
Só quem já tomou na vida
Tá aí pra dizer que até a lua trai
E o que eu posso fazer
Eu falei pra você...
Não tô matando esperança
Espero nada de uma vida
Que não respeita infância
Não sou mais uma criança
Que mané intolerância
Chega pra lá dá uns dois
E o que faço depois
Levo a vida de inseto
E num mundo tão desumano
Tem algo tão mais incerto
Que o próprio ser humano
Que a verdade seja dita
E se pá até repetida
De que vale a partida
Sem ato de despedida
Andando à mais de uma milha
Eu tô ligado na pilha
No modo on de guerrilha
Vanguard frente de linha
Eu vou servindo a tequila
Criando gente da argila
Com minha visão meio turva
Vê se segura na curva
Mistura tudo na soda
Se eu tô na rua é foda
Fim de semana destila
Ela não anda, desfila
Entrou na reta, aniquila
Subiu pra mente, amitrila
(Todo mundo que a gente perdeu
E fingir que não doeu
Ou pior que não doer
Ainda bem que posso te dizer
Que perco o sono pensando
Nos efeitos psíquicos da fuga
E que meu amigo com nome de anjo
Berra feito um porco indo pro abate
num quartinho trancado
E é isso ou a mãe dele chamar a polícia
Ainda em que posso escutar você
Ler sua mensagem
E lembrar que essa vontade instintiva de autodestruição
É apenas outra forma de sobrevivência
Tipo adiar a dor ou morrer sem doer
Eu sei porquê tu me escreveu)